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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Votos de uma nova atitude!

Último post do ano...

Fiquei pensando no que eu gostaria de deixar registrado aqui, como que uma mensagem de Ano Novo, aquilo que desejo a todos, e só consegui pensar numa coisa: que busquem uma atitude religiosa!
Calma, calma, não estou falando de Igreja! Estou falando de uma atitude!!!

Ao falar em religião, utilizo para ela a mesma definição que o professor Jung, a partir do termo latino religere, que indica uma acurada e conscienciosa observação do “numinoso”. Jung ressalta que ao estudar a religião leva em consideração o homos religiosus, aquele que considera e observa cuidadosamente certos fatores que agem sobre ele e sobre seu estado geral (Vol. XI/1, parág. 11).

Pois bem, é disso que estou falando!
É necessário que descubramos em nós mesmos esse homos religiosus, ou a vida passará por nós desapercebida!

O que desejo é que abramos os olhos e o coração. O tempo todo as coisas estão acontecendo conosco e a nossa volta, e será que tudo está desconectado? É por acaso que passamos por traumas, dores, alegrias, encontros? Muitos dirão que sim e deixarão para lá! Inclusive fecharão essa página instantaneamente, "quanta besteira!". Ok! Sem problemas... Como é bela a democracia da internet.

Quem hesitar ou de cara disser: "claro que não!", continue comigo...

Com a prática clínica e com as experiências em minha própria vida, tenho cada vez mais descoberto que a atitude religiosa enquanto consideração cuidadosa sobre as experiências e olhar atento aos significados, possibilita que alguma transformação possa ser incorporada à vida.

Parar e olhar para as situações, se perguntar, "o que é isso?" e logo em seguida "o que posso aprender dessa experiência?"

Garanto, o tempo e energia gastos valerão a pena!

Assim, não ficamos no sofrimento pelo sofrimento. De cada evento importante podemos extrair algo para crescermos, para entendermos um pouco mais de nós mesmos e dos outros, para fazermos nossas próximas escolhas, e mais importante de tudo: para chegarmos um pouco mais perto de nós mesmos!

É isso o que desejo! Se cada pessoa tivesse uma atitude religiosa para com sua vida e para com os outros, garanto que o mundo estaria muito diferente, o ritmo seria mais lento e as vivências mais profundas e significativas!

De minha parte, posso dizer que procuro ser coerente com minhas palavras. Confesso que essa tal atitude não é fácil, por vezes é cansativa, as vezes dá vontade de deixar pra lá e seguir em frente! Mas é preciso sentir para saber como é maravilhosa a sensação de não deixar pra lá, de viver as experiências de verdade!

Obrigada àqueles que ainda me acompanham!

Desejo um lindo 2011 a todos, e espero me manter por aqui!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Psicoterapia sem dignidade!

Assim nos fala Otto em The Homeric Gods, sobre o deus Hermes




Este é Hermes, o servo diligente e sem dignidade a que Rafael López-Pedraza nos apresenta em "Hermes e seus filhos".

Mas por que uso esse espaço para falar disso?

O autor propõe a psicoterapia pensada e praticada de forma hermética, diz que Hermes é o deus da psicoterapia!

Ousado!

A leitura não é simples, as ideias não são comuns. Demorei a entender do que o autor estava falando! Talvez eu estivesse lendo o texto tal qual Apolo, deus oposto a Hermes. Quando me preocupei menos em entender literalmente o que estava sendo dito e sentir de que forma o texto me tocava, as coisas começaram a mudar.

Confesso que ainda não terminei o livro, afinal, neste momento me preparo para iniciar a supervisão da disciplina Psicodiagnóstico, a qual nunca dei, e isso requer estudo!

Mas Hermes vem me acompanhando há alguns meses, e do que li até agora, compartilho algo que mais me chamou a atenção

SEM DIGNIDADE

É isso mesmo? López-Pedraza utiliza Hermes para dizer que o psicoterapeuta deve ser não dignificado.
Novamente, demorei a entender o que ele queria dizer. Mas, novamente, porque eu precisava antes sentir, aquilo precisava fazer sentido para mim de alguma maneira. Assim, foi a seguinte passagem que clareou tudo para mim:

"Se nós, psicoterapeutas, nos comportamos de modo excessivamente dignificado no nosso trabalho, então como entrar em contato com aquela parcela dos pacientes que, principalmente, procuram os analistas para discutir os aspectos não dignos de suas vidas? Só um Hermes alheio à dignificação na pessoa do analista pode constelar uma comunicação com um lado sem dignidade da vida, e pode avaliar hermeticamente o que foi relatado como desprovido de nobreza". (p.21)
É isso!!!
Estamos acostumados a nos sentar no trono da dignidade, dos valores, da moral, do certo e errado, da verdade. Esse lugar é bonito, é confortável, é atraente aos olhos dos outros! Mas a psicoterapia não é um lugar qualquer, ser psicoterapeuta não é uma profissão qualquer. Receber um outro machucado, sofrido, fragilizado, é de grande responsabilidade.
Dizer o que é certo é fácil. Dar conselhos, mais ainda! Mas isso só acontece se partimos do princípio de que alguém pode saber a verdade do outro, ou de que existe uma verdade absoluta.

Por tudo isso, o autor, e compartilho de sua opinião, propõe que o psicoterapeuta abra mão de sua dignidade. O que isso significa?
O paciente nos chega carregado de julgamentos sobre os outros, sobre si e suas atitudes, sentimentos e pensamentos. Do que ele precisa? De mais julgamento?

Enquanto psicoterapeutas, nos despimos das verdades, da moral, dos valores. Como Jung disse, devemos ser uma alma diante de outra alma.

López-Pedraza fala em seu outro livro, "Ansiedade Cultural", no capítulo " A Consciência do Fracasso", que se a pessoa procura a psicoterapia, é porque está vivenciando algum fracasso. E como é difícil lidar com o fracasso... aliás, outro dia falo mais sobre isso...

Portanto, recebemos esse outro que nos procura para mostrar tudo aquilo que não mostra a mais ninguém, muitas vezes nem a ele mesmo. Acolhemos de coração aberto, sem julgamento, sem regras, sem dedos apontados.
E como isso é libertador, não só para os nossos pacientes, mas também para nós, psicoterapeutas. Passamos a ser menos rígidos e mais acolhedores conosco e com aqueles que estão próximos de nós. Levamos essa atitude não dignificada para nossas vidas.

Por isso, sem dignidade! (espero que agora consigam não ter tantos arrepios ao lerem essas duas palavrinhas juntas. Até que faz sentido não é?)
Mas como Hermes: sem ser vulgar ou repugnante.

Se isso é fácil? Se sempre consigo?
Acho que já sabem a resposta.

Mas continuo tentando...

"Mas essa maravilhosa destreza torna-o o ideal e também o patrono dos servos. Tudo que é esperado de um servo diligente - habilidade para acender o fogo, para rachar a boa lenha, para assar e fatiar a carne, para verter o vinho - vem de Hermes, cujas qualidades fazem dele um servo tão eficiente para os olímpicos. [...] Confessadamente, essas não são artes nobres... [...] se compararmos Hermes com seu irmão Apolo ou com Atena, observamos nele um certa falta de dignidade. [...] embora o mundo de Hermes não seja excelso, e inclusive suas manifestações característica produzam uma impressão definitivamente indigna e em geral bastante dúbia, mesmo assim - e isso é verdadeiramente olímpico - ele está muito longe de ser vulgar e repugnante".

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Minha participação no Alô TVB




Já voltei!
Mas só pra mostrar para vocês a minha participação no programa Alô TVB, no dia 14 de dezembro de 2010.

Falei sobre como lidar com os filhos de férias, dei algumas dicas.

Só queria ressaltar uma coisa: não sou a dona da verdade! Com o tempo, a experiência clínica, vamos aprendendo a conhecer as pessoas, a entender um pouco de como elas funcionam, pensam, mas a grande beleza da coisa é o seguinte: o ser humano é único, e portanto sempre uma incógnita. Por isso, a principal dica que posso dar é: ouçam o que as pessoas têm a dizer! Mas ouçam de verdade: seus pais, seus filhos, irmãos, amigos, companheiros, professores, pacientes, colegas! Abram seus ouvidos e seus corações, só assim poderão saber de verdade do que aquela pessoa necessita!!!

Para mais dicas, sobre esse ou outros assuntos, me escrevam!

Como estou de férias e envolvida pelo mundo bloggeiro: Até breve!

Me apresentando...

Olá!
Por fim me inicio no mundo dos blogs. Não sei por que, para que, nem como, mas sei que estou aqui!

Me apresento: sou Deborah, psicóloga, professora... apaixonada pela teoria de Jung, e encantada pela prática da psicoterapia!
Acima de tudo, sou reflexiva, questionadora, e creio ser essa a função da minha entrada nesse espaço virtual. Preciso de um espaço para refletir, questionar, e espero ter resposta nessas reflexões! Espero ouvir mais reflexões, e encontrar novas questões!!!

A maioria das pessoas, na correria de suas vidas, não têm paciência para o que Jung chamaria de atitude religiosa: é a contemplação, o olhar atencioso para as coisas, que, se dermos sorte, nos apresentará novos significados!
As vezes acho que faço isso até demais, que me aprofundo demais, e talvez se "gastar" isso tudo aqui, possa levar a vida de forma mais leve... ou não! Ou o aprofundamento seja como uma droga, quanto mais você conhece, mais quer!!!

É isso, conforme puder e quiser apareço de novo!

Até a próxima!