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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Qual é a medida na análise?


Depois de muito tempo volto a escrever aqui. A correria do dia a dia, a quantidade de trabalho e o cansaço me mantiveram afastada deste espaço, mas mesmo sem conseguir parar para escrever, as ideias continuavam fervilhando em minha mente. 
A cada dia as diversas situações me fazem pensar e questionar tudo o tempo todo. Cada encontro terapêutico, cada sessão de análise, cada supervisão individual que recebo ou dou, cada supervisão em grupo e encontro de grupo de estudos, observo, sinto, questiono. 
Essa semana iniciei o curso de Formação de Analista Junguiano e as primeiras aulas já foram suficientes para alimentar ainda mais o caldeirão de ideias, fico só imaginando as maravilhas que ainda vem pela frente. 
Uma das questões sobre as quais venho me questionando há algum tempo é a respeito da complexidade da análise e da relação analítica. 
Jung postula, principalmente em seu livro A Prática da Psicoterapia, que o que ofereço ao meu paciente, enquanto psicoterapeuta, é o efeito que o sistema psíquico dele tem sobre o meu sistema psíquico. Ou seja, não há método pré-determinado, cada caso uma nova teoria (como o autor afirma no mesmo livro). 
Se o que ofereço é o efeito sobre mim, preciso estar, de fato, dentro da relação, e se estou dentro, sou mexida inevitavelmente. É essa a análise que Jung propõe, e é a isso que o analista junguiano se propõe em seu trabalho diário. 
Agora, imagine só ser mexido de diversas maneiras, por diversas questões, de 50 em 50 minutos, todos os dias, muitas vezes durante 8 ou 10 horas seguidas! 
Isso faz desse trabalho algo difícil, complexo, as vezes sofrido. Entretanto, o que venho me perguntando é: qual é a medida? O quanto fico dentro da relação, sendo tocada e participando dessa "mexeção" que é a relação analítica, e o quanto fico fora, me preservando das chamadas "infecções psíquicas"?
Para mim, essa medida é um dos maiores desafios da análise e algo que aprendemos a cada dia nesse oficio, na base do "erro e acerto" muitas vezes. Percebo que a cada dia, a cada encontro, chego mais perto de encontrar a tal medida
Agora, uma fala de uma das professoras do curso dessa semana me fez pensar tudo isso com mais clareza e dar mais alguns passos em direção à medida
Diante do exato questionamento que apresento aqui neste texto, a resposta dela a mim foi que quando se perde no encontro, quando perde a medida, ela imagina uma plaquinha sendo levantada, onde está escrito, em letras garrafais: PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO
Como assim?
Cada vez que me perceber envolvida demais com a história e a dor do outro, com pena, dó, raiva, ou outros tipos de sentimento em relação ao paciente, sua história e personagens, em outras palavras, cada vez que me perceber entrando demais na história, perdendo a medida, dou um passo para trás e levanto a plaquinha. A tal plaquinha serve para me lembrar que aquilo o que a pessoa está me contando, absolutamente tudo o que ela me conta, triste ou alegre, fácil ou difícil, faz parte do seu processo de individuação e deve ser trabalhado como tal, sem dó, pena ou raiva. So fenômenos de um processo. 
Assim, em uma poltrona não há vítima ou vilão, há um indivíduo vivendo seu processo de individuação. E na outra poltrona não há salvador ou algoz, há um psicoterapeuta acompanhando e iluminando algumas passagens desse processo. 

Incrível não é?

terça-feira, 23 de julho de 2013

Minicurso: Teoria e Prática da Psicologia Analítica - Fundamentos Teóricos e Técnicas de Psicoterapia

Segue abaixo a divulgação de um curso que ofereço e que acho que contempla bem a base da teoria e da pratica da psicoterapia de embasada na teoria de Jung. Tenho disponibilidade de montar esse curso para grupos fechados de 6 a 12 pessoas! Quem tiver interesse pode me escrever.