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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Alguns textos interessantes...


Ultimamente tem sido difícil passar por aqui para compartilhar algumas ideias e conceitos. Pensando nisso, e no fato de eu sempre compartilhar com meus alunos, por email, textos interessantes aos quais tenho acesso, resolvi ampliar esse compartilhamento por aqui.

A partir de agora, vocês poderão encontrar no início da página links de acesso a diversos textos, principalmente de Psicologia Analítica, que podem contribuir para o conhecimento dos leitores. Aos poucos vou aprimorando esse compartilhamento e inserindo mais textos! Espero que gostem!!!





sexta-feira, 8 de abril de 2011

Amor e Relacionamento Humano na Psicoterapia e na Vida

Engraçado como as vezes um tema se torna recorrente em nossas vidas.

Nas últimas semanas, venho lendo "O Encontro Analítico", de Mario Jacoby (diga-se de passagem, leitura indispensável a qualquer terapeuta junguiano, fala da transferência na Psicologia Analítica), e essa leitura tem me feito refletir sobre algo que desde que conheço essa abordagem (há cerca de 10 anos) me encanta: a importância do relacionamento humano.

Com a leitura desse livro, vieram conversas sobre o tema com diversos alunos e pacientes quase psicólogos. Como é natural do ser humano, todos se cobram muito, se exigem ter respostas a dar aos pacientes, desejam corresponder às expectativas destes, e a todos eles tenham dito: e se você só estiver ali? De corpo, alma, mente.

Digo isso porque, parando para pensar, quantas pessoas estão presentes para nós? De corpo, alma, mente? Quantas pessoas nos olham e realmente nos veem? Quantas pessoas não se preocupam em nos dizer o que fazer, como agir, se estamos certos ou errados? Quantas pessoas nos aceitam, nos escutam, nos acolhem?

Poucas! Muito poucas! E mesmo as que o fazem, só o fazem de vez em quando, afinal, a vida anda enquanto paramos...

Por isso me encanta a ideia de Jung de que a base do trabalho terapêutico é o relacionamento humano. É o encontro de duas almas baseado no amor fraterno.

Alguns perguntariam se se deve ou pode amar um paciente, se as coisas não ficam misturadas demais, se se consegue manter a neutralidade assim.

E eu responderia: mas as coisas já não são misturadas??? Como não me misturar a uma pessoa que se coloca à minha frente, falando de suas dores, toda semana, durante 50 minutos, por anos a fio?
Com relação à neutralidade, creio que ela pode ser mantida sim, se considerarmos neutralidade a capacidade de observar os fenômenos psíquicos que acontecem na pessoa que nos procura, se tivermos muito clara qual o nosso papel enquanto terapeuta.

Agora, com relação ao amor, sou bem radical: para que um bom trabalho aconteça, o amor na relação é imprescindível!!!

O amor de que falo é o amor por essa alma que me procura, amor esse que parte do amor pelo ser humano como vida, como uma pessoa que, como eu, sofre, chora, ama, odeia, necessita ser amado.

Agora, ampliando isso, me questiono se não é justamente esse amor pelo próximo que falta em nosso mundo atual. Num mundo onde a razão é a base de tudo, onde nos relacionamos com as pessoas e as situações como objetos que controlamos ou que nos controlam, sinto falta do olhar para a alteridade da pessoa, de fato me relacionar com ela amorosamente, e não estabelecer uma relação de poder!!!

Um dia depois do grande massacre numa escola no Rio de Janeiro (fato aliás que me motivou a escrever aqui), fico pensando novamente: não seria amor pelo próximo que falta no coração das pessoas???? Como dói e incomoda sentir essa falta de amor, o egoísmo, a onipotência...

Por isso, se puder dar amor às pessoas que me procuram no meu micromundo que é meu consultório, fico um pouco menos sentida e incomodada, pois tenho certeza de que se aquela pessoa sair de lá se amando e amando ao próximo um pouco mais, terei contribuído para uma grande transformação na vida dela e em como ela irá se relacionar com o mundo e com as pessoas.

Entenderam agora por que me encanta um trabalho que se baseia na importância do relacionamento humano???

sábado, 2 de abril de 2011

"A liberdade do nosso ego não repousa na escolha das cartas, mas na descoberta ou no desenvolvimento das melhores táticas possíveis, em termos das cartas que por acaso temos nas mãos, contra nosso admirável antagonista, o Self, nosso ser oculto e básico, do qual nosso 'eu' parece ser apenas uma estrutura temporária e passageira, mas uma estrutura que é levada e impelida a dar o melhor de si mesma, a jogar para ganhar e, de fato, por sua própria vida" (Whitmont, A Busca do Símbolo, p. 228)
"Finalmente, quando resolvemos tentar acompanhar os novos anseios e tentamos utilizar nossa força de vontade para nos transformar, descobrimos que não podemos almejar aquilo que queremos, que não podemos nos tornar diferentes através do esforço direto, que somos solicitados a servir a dois senhores, por assim dizer, o passado embutido habitual e a exigência opositora do futuro, e que toda tentativa para servir a um provoca a oposição do outro" (A Busca do Símbolo - Whitmont)

sexta-feira, 18 de março de 2011

Pensando sobre a entrevista inicial em Psicoterapia Junguiana

Retomo minhas reflexões após uma (não tão) breve pausa decorrente da correria do dia a dia. E confesso que dialogar através desse espaço me fez falta.

O ano começou de verdade, com ele as obrigações profissionais. Volto a me envolver pelo consultório e pela faculdade, e foi a combinação dessas duas atividades que me fez voltar a escrever aqui.
Ao supervisionar estagiários de Psicologia na abordagem da Psicologia Analítica, sempre encontro dificuldades no que se refere a apresentar-lhes bibliografia sobre a metodologia da psicologia de Jung, dificuldade aliás muito maior do que a encontrada por minhas colegas psicanalistas e comportamentais.
Neste semestre senti ainda mais tudo isso ao iniciar a supervisão de Psicodiagnóstico, em que a entrevista é parte importante da proposta da disciplina. E foi no livro "Methods in Analytical Psychology" (infelizmente não traduzido para o português), de Hans Dieckmann (1979), que pude aliviar suprir um pouco dessa falta (minha e dos alunos).



Sabe-se que em Psicologia Analítica não se procura seguir modelos ou padrões, mas ao mesmo tempo considero ser importante haver uma metodologia da prática bem definida. Portanto, aqui, exponho as ideias que considero as principais trabalhadas por Dieckmann no segundo capítulo: "The Initial Interview". Com isso, pretendo ajudar não apenas iniciantes na prática da Psicologia Analítica, mas também psicoterapeutas junguianos experientes, que, com o tempo e a prática, acabam deixando de se atentar para detalhes relevantes como os ressaltados pelo autor.

Dieckmann baseia sua explanação na ideia de que em Psicologia Analítica não se propõe uma anamnese estruturada, uma vez que entende que ela é um procedimento não analítico. O autor afirma que fazer perguntas pontuais e a pressão inconsciente do interesse do analista em obter o máximo de dados biográficos possível, exerce um alto grau de controle que mantém o paciente no campo da consciência e presta pouca atenção ao material inconsciente. Considero ser esta uma ideia muito importante!!!
Observo que os ditos "junguianos" fogem de metodologia temendo se afastar do paciente e seu inconsciente, e considerando o dito anteriormente, compreende-se que esta fuga tem sua razão de ser. Ao se prender a um "objetivo", no caso, a coleta de informações específicas, corremos o risco de não olhar para a pessoa que se coloca à nossa frente, a escuta deixa de ser analítica.

Pensando mais praticamente, o autor coloca que duas coisas são importantes na entrevista inicial:

1)      As observações que o terapeuta faz do paciente: aparência e comportamento, transferência e contratransferência que apareceram, sintomas observáveis facilmente
2)      O conteúdo do discurso do paciente: atenção ao que o paciente comunica espontaneamente; não fazer perguntas diretas; perguntar o que se considera importante ao final da entrevista; sintomas que o paciente relata e aqueles observados ou suspeitados que o paciente não mencionou; força e diferenciação dos sintomas a partir do material compartilhado espontaneamente, evitando perguntas de sintomas periféricos; situação que precipitou a situação (o que o trouxe aqui); importante é o que pareceu mais significativo para o paciente e como ele se sentiu na situação; situação atual da vida; histórico familiar; como foram as transições de fases da vida.

Desta forma, a entrevista deve mostrar para o paciente que ali há a oportunidade de se abrir, se entender e ter ajuda para olhar os problemas do passado e do presente sob novo enfoque. Compreender que dominantes do consciente coletivo estão em relação conflituosa com material inconsciente ou com as tendências do inconsciente e a extensão a que esses dois pólos estão separados na psique do paciente.
A seguir apresento uma pequena lista de aspectos que Dieckmann ressalta como sendo importantes na entrevista inicial, devendo o terapeuta se atentar a eles:
Aparência do paciente: como ele é fisicamente e como se apresenta
O comportamento do paciente durante a entrevista inicial: importante observar as expressões não verbais do comportamento do paciente, movimentos do corpo. Como temos ideias específicas sobre a psicodinâmica subjacente de um complexo, é possível fazer afirmações extensas sobre os problemas de uma pessoa sem que ela nos diga uma palavra
Transferência e Contratransferência: importante estar atento aos sentimentos e fantasias que aparecem do momento que o terapeuta conhece o paciente até o fim da entrevista. Tal auto-observação cuidadosa é uma fonte de informação sobre o que o paciente está experienciando. Deste material observacional de nossas reações contratransferenciais podemos discernir a transferência do paciente e modelos que ocupam relacionamentos com seu conflito psíquico fundamental. Considera-se que há aspectos subjetivos nessa relação e que o terapeuta deve levar em consideração sua própria personalidade e estrutura.
Tipologia: tentar identificar o tipo psicológico do paciente. A atitude é mais facilmente identificável na entrevista (introvertido ou extrovertido). Também é possível identificar se ele se apresenta predominantemente com as funções racionais e se orienta seus julgamentos em termos de certo e errado, tendendo a pensar e suprimir seus sentimentos (tipo pensamento), ou se o julgamento é orientado mais em termos de simpatia ou antipatia, e inclui e é orientado mais pela expressão dos sentimentos (tipo sentimento). Identificar a presença de intuição e sensação (outros dois tipos) demanda compreensão mais profunda do material da entrevista inicial. Deve-se aceitar o aparecimento de mais de um tipo psicológico.
Conteúdo das pontuações do paciente: é recomendável deixar o paciente tomar a dianteira no início da entrevista inicial e deixar a tensão aparecer, ficando alguns minutos em silêncio ao invés de guiar o paciente com perguntas iniciais como “O que o traz aqui?” ou “Como posso ajudá-lo?”. É importante qual das três grandes áreas o paciente tende a acentuar no curso de seus comentários: material biográfico, situação atual ou sintomas, sua descrição e possíveis interconexões. As perguntas do terapeuta devem servir para aprofundar sua compreensão do material do paciente e cautelosamente construir algumas pontes entre as várias áreas da neurose que são psicologicamente relevantes. Mas deve ser deixado para o paciente a decisão de cruzar ou não essas pontes. Também são relevantes os materiais inconscientes que ele trouxer espontaneamente.
Lacuna: descrição de omissões notáveis que apareceram durante a entrevista inicial ou durante reflexão subseqüente sobre o material. É comum que se possa inferir mais a partir do que o paciente não falou e o que omitiu do que a partir do que ele disse. Questões que o paciente deveria abordar na primeira entrevista: biografia incluindo as pessoas mais importantes, situação conflituosa que levou à doença, situação de vida atual, comentário sobre como lida com oralidade, poder, sexualidade e relacionamento.
O complexo central: na entrevista inicial o terapeuta deve ter uma idéia do complexo principal que atinge o paciente. Ao fazer diagnóstico com base nos complexos, deve-se limitar a falar dos complexos materno e paterno, sombra, anima, animus e persona.
Testes e medições: utilização de testes projetivos.
Resumo da primeira entrevista:
1)      Sintomatologia com ênfase nos sintomas primários (aqueles que trouxeram o paciente ao terapeuta)
2)      Descrição detalhada da aparência e comportamento do paciente
3)      Descrição do conteúdo verbal da entrevista, incluindo transferência e contratransferência, e omissões do paciente
4)      Os resultados das reflexões do terapeuta sobra a psicodinâmica do paciente e o desenvolvimento de sua condição neurótica
5)      Um diagnóstico que inclua estruturas psíquicas, tipologia e complexos
6)      Um prognóstico que se refira à adequação do paciente ao tratamento analítico e a possibilidade de individuação

Desta forma, espero ter contribuído para o esclarecimento de fantasias e dúvidas de iniciantes na prática da psicoterapia junguiana e para a ampliação do conhecimento e técnica de psicoterapeutas.

Pretendo não demorar tanto para escrever dessa vez, e aceito sugestões de temas para discutir por aqui!

Até logo!!!

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Em homenagem a Lopéz-Pedraza

Logo depois de postar o último texto, soube que Rafael Lopéz-Pedraza havia falecido aos 90 anos!

Fica registrada então minha homenagem a esse grande autor e analista, sensível, profundo, que como fez comigo, deve ter mexido na mente e no coração de milhares de pessoas!

Obrigada pela sua contribuição à Psicologia e descanse em paz!

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Consciência de Fracasso

Como prometido, volto para falar de fracasso!

Me deparei com esse tema ao ler, com duas queridas amigas, o livro "Ansiedade Cultural", de Rafael Lopéz-Pedraza, no capítulo "Consciência de Fracasso".
Esse é o autor, gênio!


Essa foto foi presente da minha querida analista, e me inspirou a voltar a escrever...

mas voltando...

Logo no começo do capítulo, o autor diz que "o fracasso e o que lhe diz respeito está fortemente reprimido" (p.92) e

"Se alguém vem me ver e falar comigo, em outras palavras, entrar em terapia, é porque algo fracassou em sua vida: os moldes em que vivia já não funcionam, fracassaram, demoronaram. Isto é, na psicoterapia a pessoa que se encontra na minha frente está vivendo um fracasso e, apesar dos níveis superficiais em que às vezes aparece, usualmente esconde complexidades insuspeitadas" (p.92)
É isto o que se dá em psicoterapia, é o espaço em que se permite falar sobre o fracasso.

Sabemos e sentimos na pele que a sociedade de hoje é construída sobre o sucesso, só ele é reconhecido e valorizado. Os fracassos são excluídos, jogados para debaixo do tapete, são o "não-dito".
Enquanto psicoterapeutas, também estamos envoltos por essa cultura, e fugimos de nossos próprios fracassos, e muitas vezes, acabamos levando o paciente a fugir de seus fracassos!
Se buscamos sucesso a todo custo, este se transforma em um complexo autônomo (no termo cunhado por Jung), suprimindo a possibilidade de conexão do ego com outras realidades, e entrando num estado fantasioso de que somos plenos merecedores de sucesso.
Assim, o sucesso torna-se irreflexão, a atitude se torna unilateral, e o fracasso, na sombra, se distancia do ego. Há um distanciamento da reflexão, do aprofundamento, da totalidade, do Self.

A vida passa a ser regida por Apolo, o deus que personifica a unilateralidade do brilhantismo e da visão do sucesso que domina a vida. Aí falta Hermes, deus que vive sempre no limite, na borda, com ele não há unilateralidade, há sempre equilíbrio.
Se retomamos a ideia que apresentei em um post anterior, da psicoterapia hermética proposta pelo mesmo autor, entendemos que o espaço psicoterapêutico é um espaço que deve permitir o contato com essa sombra (no sentido junguiano da palavra mesmo!), e portanto, da totalidade do ser humano.

A psicologia de Jung, como a psicologia dos opostos, busca sempre a compensação da consciência coletiva, na busca pela individuação, e tal processo passa por acessar conteúdos negados, como a fragilidade do ser humano e seus fracassos.

Porém, esse trabalho só poderá ser feito com nossos pacientes se nós mesmos, enquanto terapeutas, estivermos atentos a essa inflação de identificação com o sucesso. Em nossas vidas pessoais é importante o reconhecimento e aceitação do fracasso, mas como profissionais também, é arriscado quando fugimos de nossas inseguranças, nossos erros e dificuldades!
Para Jung, o psicoterapeuta deve se colocar diante do paciente, antes de tudo, como uma alma humana, com tudo o que lhe é cabível, inclusive os fracassos. Quando se mostra "fracassado" ao paciente, permite que este também o seja, e é aí que começa o aprofundamento no sentido de nos aproximarmos de nós mesmos!

"Temos de saber, pois sentimos assim, que o que chamamos de consciência de fracasso é algo interior e muito obscuro. Quando nos referimos à consciência de fracasso, nunca estamos nos referindo a algo a que podemos chegar mediante esquemas de fácil acesso. A consciência de fracasso pertence, e creio que isso estamos compreendendo agora, a áreas obscuras nas quais se move nossa interioridade. (...) é algo mais precioso e muito psíquico, é evasiva, vem e vai, e com isso nos indica suas características mercuriais. É uma consciência média e obscura, cujo sítio é o umbral e sua luz crepuscular. Mas é nesse lugar que nos reconciliamos com nossas mortais limitações e, fazendo isso, encaixamo-nos nos limites definidos do nosso ser e dentro da realidade que somos. É isso que torna possível a imagem com suas possibilidades de uma vida culta". (p.127-8)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A sabedoria de Hermes

"Simplesmente, quero sugerir que uma psicoterapia hermética não tem nem objetivo, nem meta, propósito ou significado, pois estes representam a possibilidade de levar a vida a uma imobilização; a única preocupação de Hermes como senhor dos caminhos é trilhar novos trajetos na psique, é que a psique se movimente" (Rafael Lopéz-Pedraza - Hermes e seus Filhos, p. 187)

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Família e História

Interessantes essas festas de fim de ano, quando nos deparamos mais próximos das pessoas, desejando sempre as mesmas coisas: paz, amor, saúde, dinheiro... E o engraçado é que sempre desejamos as mesmas coisas de verdade, pois é isso que queremos que as pessoas próximas de nós recebam!

Ficamos todos mais sensíveis e nos deparamos reflexivos, mais afetuosos e nos aproximamos da família! Como isso é especial!

Pensar e sentir tudo isso nesse fim de ano me fez pensar na família, na importância dela, no vínculo intenso que nos prende a ela...

Ao falar do inconsciente coletivo, Jung nos conta que pensou nessa ideia ao se questionar para onde iriam as experiências dos homens no decorrer dos anos. Será que de alguma maneira não há um registro disso tudo em nós? Será que a forma como o homem vem vivendo a vida e as relações não influenciam em como, hoje, vivemos e nos relacionamos. Ele concluiu que sim! Também entendo que sim!

Mas além disso, desse inconsciente coletivo, comum a todos os homens, e do inconsciente pessoal (de cada indivíduo), ele também fala que há um inconsciente cultural, um racial, um familiar. E é do familiar que quero falar.

O que se entende a partir dessa visão é que tal qual heranças físicas, as experiências dos ancestrais também são herdadas. De alguma maneira, há um registro do que foi vivido, e esse registro nos influencia de diversas maneiras. O que nossos pais, avós, tios, bisavós e daí em diante viveram, também fazem parte de nós, também compõem os indivíduos que somos! Portanto, entendo que conhecer tudo isso e absorver as histórias, refletir, ter a tal atitude religiosa diante delas (como falei no post anterior) contribui para nosso processo de individuação.

Afinal, não é este o processo de tornar-se si mesmo? Pois bem, como tornar-me eu mesma sem saber de onde venho, sem compreender que isso me faz eu mesma?

Independente da teoria, fato é que a família é importante!

O resgate dessa história nos completa, esclarece sentimentos, angústias, fantasias que até então não entendíamos, não sabíamos de onde vinham!!! Além disso, esse entendimento possibilita que possamos dar um novo significado a tudo isso, tornando-nos mais conscientes de nós mesmos, possibilitando que as atitudes e escolhas daí em diante sejam ainda mais inteiras e conscientes.

Portanto, procure manter esse espírito de fim de ano durante o ano todo! Se aproxime sempre desses que te completam! Olhe para trás! Aceite tudo o que te compõe, bom ou ruim, afinal, não é só de luz que vivemos, a sombra é importante ou caímos na tal "cegueira branca". E depois, religiosamente, contemple toda essa história e transforme essa carga em algo que te faça crescer ainda mais!